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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Texto para estudo

Continuando nossos estudos sobre sociologia do esporte, leia o texto abaixo e o ilustre no caderno. Comente em 5 linhas.
Entrega dia 17 de maio.


As mídias (em especial a televisão), têm exercido, nas últimas duas décadas, decisivo direcionamento de tendências no âmbito cultura corporal de movimento, com importantes repercussões para a Educação Física. Tais tendências foram apontadas por BETTI (1998, 2001): a) polissemia do esporte; b) novas esportivações - fenômeno que tende a assimilar diversas formas da cultura corporal de movimento ao modelo do esporte espetáculo; e c) progressiva clivagem do esporte telespetáculo das demais formas da cultura esportiva, cunhada pelas mídias e pelas grandes corporações econômicas, as quais, cada vez mais, assumem o gerenciamento do esporte como espetáculo televisivo; essa tendência distancia, na sua forma (embora não no seu simbolismo) o esporte telespetáculo do esporte que busca valores associados ao lazer, à educação e à saúde. A cultura corporal de movimento no mundo contemporâneo alargou-se, as práticas se multiplicaram e pulverizaram: ginástica aeróbica, tai-chi, musculação, wind-surf, hidroginástica, skate, capoeira, street dance, dança-afro, rappel e tantas outras. A denominação “esporte”, sob o patrocínio das mídias (pois é preciso facilitar para o grande público o reconhecimento dos produtos), passou a designar essa diversidade de práticas, as quais já não atendem mais aos critérios clássicos da Sociologia do Esporte que definem o que é esporte: competição, comparação de desempenhos, busca da vitória ou recorde etc. Fala-se em prazer, bem estar, aventura, desafio, natureza, diversão. A
Sociologia do Esporte foi subvertida, o fenômeno lingüístico da polissemia, ampliou o significado da palavra “esporte”, nos termos de RICOUER (1987, p. 60): “Porque temos mais idéias do que palavras para as expressar, temos que alargar o significado que a elas atribuímos no senso comum”. Não obstante o alargamento de sentido conferido à expressão “esporte”, assistimos hoje à progressiva clivagem do esporte profissional das demais formas da cultura esportiva, cunhada pelas mídias e pelas grandes corporações econômicas. Para EICHEBERG (1995) o esporte de alto rendimento, de elite, que há muito tempo representa o topo ideal da pirâmide esportiva, está se modificando, da produção de resultados individuais para um “circo midiático”. As qualidades visuais do esporte, e não mais a produção de resultados, é que concentram a atenção da mídia televisionada; em decorrência, estariam a se separar os caminhos do esporte moderno clássico e do “circo esportivo”. O esporte espetáculo é trabalho e show; o atleta é um trabalhador-artista, sujeito a doenças ocupacionais e desemprego, como qualquer outro. O esporte é, hoje, campo de atuação de “marketeiros”, empresários, executivos das grandes redes de televisão. Cada vez mais distancia-se aquela forma que já foi sucessivamente denominada de “esporte de alto nível”, “esporte de alto rendimento”, “esporte espetáculo” e “esporte telespetáculo” (BETTI, 1998) do esporte praticado em busca de valores associados ao lazer, educação e promoção da saúde. Como o esporte (no sentido restrito) é a forma hegemônica da cultura corporal de movimento contemporânea, é, portanto, muito popular em vários grupos sociais. Similarmente, a popularidade de algumas modalidades esportivas na escola (futebol, volibol), faz com que os alunos resistam às tentativas de incluir outros conteúdos. Antes de ver tais fatos apenas como problemas, é preciso reconhecer a solução que já contém: por exemplo, as diversas e criativas formas de jogar futebol presentes na cultura infanto-juvenil precisariam ser investigadas. Até que ponto estariam presentes os princípios do selecionamento e sobrepujança (KUNZ, 1991), submissão a regras universais e predeterminadas etc.? Aquelas formas poderiam ser transferidas para outros conteúdos?